![]() Arte nos Canteiros de Obras - Jornal da Comunidade![]()
Construtoras que empreendem em satélites como Ceilândia e Samambaia investem no grafite como forma de interagir com as comunidades. Resultado do trabalho levou administração regional a revitalizar pontos de ônibus. SILVANA AMARAL Há algum tempo os grafiteiros deixaram de ser vistos como meros pichadores de paredes e muros. Seus trabalhos são considerados expressão artística da street art ou arte urbana. O grafite tem elaboração mais complexa, diferente da pichação, considerada uma contravenção, passível de pena. O reconhecimento desta arte no DF começou em 1999 com a criação do programa Picasso Não Pichava. O mercado imobiliário, atento às necessidades não apenas habitacionais, mas também culturais, ao levar seus empreendimentos para a cidades-satélites de Ceilândia e Samambaia procurou enaltecer a arte do grafite, forte nestas regiões. Quem circula pelas ruas de Samambaia, seja de carro, a pé ou em qualquer transporte coletivo, já deve ter se deparado com os pontos de ônibus revitalizados com desenhos de grafite. O que as pessoas não imaginam é que a iniciativa começou em um canteiro de obras. Isso mesmo! No canteiro dos residenciais Sintra e Évora, da Habitar Empreendimentos Imobiliários. A gerente de produto da Habitar, Camila Pinheiro, conta que o objetivo era fazer algo que minimizasse o impacto da construção de uma projeção de grande porte e da chegada da empresa a comunidade. “Queríamos levar a arte local para a obra. Ao andar pelas ruas da cidade, vimos que o grafite é uma presença forte e respeitada na região. Daí surgiu a ideia de convidar os grafiteiros da região para pintar os tapumes dos canteiros de obras”, explica a gerente. Camila conta que procuraram o Grupo Rua (Reunião Urbana de Artista), cujo responsável, Francisco das Chagas, gostou da ideia e organizou, em parceria com a Habitar, um final de semana de arte e interação entre empresa, artistas e a comunidade. A construtora forneceu todo o material necessário e mais de 30 grafiteiros mostraram toda a sua criatividade. Apesar de o tema ser livre, a preocupação com a questão ambiental imperou nos desenhos feitos. Alguns moradores da vizinhança que tinham os muros das residências pichados, tiveram os mesmos revitalizados. O resultado foi tão positivo que a administração, em parceria com a Habitar e os grafiteiros, revitalizou mais de cem pontos de ônibus nas principais avenidas de Samambaia. “Foi um trabalho gratificante, com um excelente retorno da comunidade. O intuito da empresa é dar continuidade ao projeto”, afirma Camila. Francisco das Chagas, coordenador do Grupo Rua (Reunião Urbana de Artista), diz que ter o trabalho reconhecido e poder contribuir para a melhoria da cidade onde se vive é uma grande satisfação. Show de formas e cores A ação foi promovida pela MB Engenharia em parceria com o Força Tarefa, grupo de grafiteiros de Ceilândia. O objetivo da construtora foi evitar futuras pichações, restaurar o muro da faculdade Unisaber, vizinha do empreendimento imobiliário, e promover a integração com a comunidade. Rodrigo Pocchini, um dos engenheiros responsáveis pelo Show de Morar Ceilândia, destaca a importância do grafite para a identificação do residencial com a comunidade. “É importante que a obra esteja integrada com a comunidade e a identidade local. A ideia é não impor, mas mostrar nossa presença na cidade e a aceitação foi boa”, explica. A MB, além de pintar os muros e tapumes da obra, recuperou uma área degrada, construindo no local uma pista de cooper de 1km, quadra de futebol, parquinho com brinquedos para crianças e um belo gramado. Tudo aberto para que a comunidade posso usufruir das benfeitorias e tenha uma qualidade de vida melhor. A parceria que deu certo O grupo, que atua na comunidade de Ceilândia há cinco anos e desenvolve atividades relacionadas à cultura do hip hop, como break, grafite e rap, também ficou satisfeito com o resultado do trabalho. “Rodrigo viu o nosso trabalho e nos procurou para grafitar o muro. Tivemos liberdade no desenho e fizemos algo relacionando a comunidade ao Show de Morar”, relata Fernando Cordeiro, o “Elon”, do grupo de grafiteiros do Força Tarefa. |